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A Tecnologia do Concreto Autocicatrizante: Uma Realidade no Brasil


Fonte imagem: Museu da Imagem e do Som

O concreto é o mais importante de todos os nossos materiais de construção: com mais de 1 tonelada utilizada por ano, o concreto só não é o material mais utilizado pois perde para a água. E sabendo disso nos perguntamos: será que o concreto tem alguma falha? A principal seria a baixa resistência à tração. Para vencer esses esforços, produzimos o concreto armado, formado por estruturas de aço envoltas por concreto, que, além das demais funções, protegem o aço da corrosão, tanto por ser uma camada física que evita a exposição do aço, quanto por ser um meio alcalino que evita a oxidação da mesma. Quando o concreto fissura, ele acaba por fornecer uma via para que substâncias nocivas possam atuar nele, tais como cloretos, dióxidos de carbono, oxigênio e água. Essas substâncias chegam ao aço e causam, principalmente, corrosão e enferrujamento, o que provoca a destruição da peça e gera custos muito altos para solucionar o problema.


Mecanismo cicatrizante


A partir disso, em 2015 o cientista holandês Henk Jonkers, pesquisador da Universidade Técnica de Delft, na Holanda, começou a estudar o chamado concreto auto cicatrizante (CAC) ou simplesmente bioconcreto, uma ideia inovadora capaz de selar as fissuras por meio de bactérias que produzem calcário. O concreto é um ambiente muito hostil, mas foram encontradas 3 bactérias da família Bacillus que sobrevivem ao elevado pH alcalino e ainda produzem o calcário desejado para o processo. Quando na presença de cálcio e dióxido de carbono, essas bactérias precipitam o carbonato de cálcio, cicatrizando as fissuras de até 8mm de largura.


Concreto cicatrizante

Para a preparação desta surpreendente invenção, ocorre a mistura do concreto tradicional com a bactéria e o lactato de cálcio. Quando ocorrem as fissuras, as bactérias ficam expostas a elementos biofísicos (sendo a água o principal destes elementos) e “acordam” no concreto, produzindo o calcário e reparando a peça em até 3 semanas após sua ativação. A criação de um concreto auto cicatrizante alivia a necessidade de reparação; necessidade essa que, na Europa, gera um gasto de cerca de 22 bilhões de reais anuais. A inovação traz também uma economia ambiental: com a diminuição do uso de concreto, são reduzidas as emissões de CO2 produzidos pela indústria, trazendo, ainda, uma melhoria nas construções de países propensos a terremotos.


Participação no mercado


Mesmo com tanto potencial, o concreto autocicatrizante ainda sofre com um grande desafio: entrar no mercado. Enquanto novas tecnologias vão surgindo no âmbito da construção civil, o mercado permanece preso a técnicas antiquadas e ultrapassadas.


No Brasil, a tecnologia do concreto autocicatrizantes é desenvolvida nos laboratórios de pesquisa do Departamento de Materiais do Instituto Tecnológico da Aeronáutica (ITA) mas conta com uma concepção diferente: no produto brasileiro, o princípio-ativo da autocicatrização está no aditivo cristalizante, que em solução com sílica reativa presente no concreto, forma um material cimentício sintético, esses componentes reagem com o Ca(OH)2, para formar produtos cristalinos que desconectam poros e preenchem fissuras na peça, vinculado ao uso de fibras sintéticas. Essa tecnologia já está sendo utilizada no nosso país! Exemplos dessa utilização são: a laje de subpressão do Museu da Imagem e do Som (MIS) e a cobertura fluida do Museu de Arte do Rio (MAR), ambos localizados na cidade do Rio de Janeiro.


Fonte imagem: Museu de Arte do Rio


 

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